Eu, mamãe, papai e Rafa no carnaval 2010. |
Papai nasceu no interior do estado da Paraíba, na fazenda onde pretende passar os últimos dias de sua vida e foi o caçula numa família de 9 filhos. Pode-se dizer que foi o rapinho do tacho, pois minha avó tinha então 42 anos.
Ainda jovem, veio estudar no Recife e preparar-se para ingressar na faculdade de farmácia, curso que creio eu, tinha aptidão natural, pois entende tudo de fármacos naturais, especialmente de plantas da caatinga.
A vida do meu pai não passaria de uma vida de um senhor comum, se ele não fosse tão escrachado. Vive a boemia até hoje, o que enlouquece um pouco a minha mãe, fala com preocupação histórica sobre os cabarés que frequentava na juventude e descreve com especial carinho o tempo em que conheceu minha mãe.
Tem uma música que papai sempre cantava e que me fazia chorar por sua letra e também pela entonação que dava, com sua voz potente e interpretação de artista boêmio. Esta música está na minha cabeça há alguns dias e é com ela que fecho este post: Herói Sem Medalha.
Heróis sem medalha
Sou filho do interior do grande estádo mineiro
Fui um herói sem medalha na profissão de carreiro
Puxando tóra do mato com doze bois pantaneiros
Eu ajudei desbravar nosso sertão brasileiro
Sem vaidade eu confesso, do nosso imenso progresso
Eu fui um dos pioneiros.
Veja só como o destino muda a vida de um homem.
Uma doença malvada minha boiada consome.
Só ficou um boi mestiço que chamava lobisomem.
Por ser preto igual carvão foi que eu pus esse nome.
Bem pouco tempo depois, eu vendí aquele boi.
Pra os filhos não passar fome.
Aborrecido com a sorte, d'ali resolví mudar.
E numa cidade grande com a família fui morar.
Por eu ser analfabeto tive que me sujeitar.
Trabalhar num matadouro para o pão poder ganhar.
Como eu era um homem forte, golpeava gado de corte.
Pra os companheiros sangrar.
Veja bem a nossa vida como muda de repente.
Eu que às vezes até chorava quando um boi ficava doente.
Alí eu era obrigado matar a res inocente.
Mas certo dia o destino me transformou novamente.
O boi de cor de carvão, pra morrer nas minhas mãos,
Estava ali na minha frente.
Quando eu ví meu boi carreiro não contive a emoção.
Meus olhos encheram d'água, e o pranto caiu no chão.
O boi me reconheceu e lambeu a minha mão,
Sem poder salvar a vida do boi de estimação.
Pedí a conta e fui embora, desistí na mesma hora,
Dessa ingrata profissão.
*chorei... =(*
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